🤖 AI na Medicina - O dilema do Google Med-PaLM: Benefícios para pacientes e médicos ou ameaça a ambos?
O Google Med-PaML, uma inteligência artificial (IA) desenvolvida pela Google, foi apresentado como uma tecnologia em potencial para revolucionar o campo da medicina. De acordo com o último artigo publicado, já alcançou a façanha de acertar 86.5% de perguntas no estilo da Prova Nacional de Validação de Título Médico nos Estados Unidos (USMLE). O mesmo tem a capacidade de realizar diagnósticos de radiografias e fornecer insights diagnósticos no atendimento primário a pacientes. Também é capaz de responder dúvidas comuns sobre doenças. No entanto, o que inicialmente poderia parecer um avanço significativo para a saúde, a longo prazo, gera preocupações quanto aos possíveis efeitos negativos nos profissionais da área e nos pacientes. A ideia de que as pessoas possam utilizar essa tecnologia para fazer diagnósticos em casa e reduzir a necessidade de procurar médicos tradicionais, suscita um debate ético sobre a evolução do cuidado da saúde.
É inegável que a inteligência artificial, se utilizada de maneira adequada, pode trazer benefícios significativos para a sociedade. A capacidade de realizar diagnósticos precisos e fornecer atendimento primário a partir do conforto do lar, pode melhorar o acesso aos serviços médicos, especialmente em áreas remotas e/ou com escassez de recursos. No entanto, a preocupação surge quando percebemos que o objetivo real da Google e de outras Big-techs (Google, Microsoft, Meta) é o lucro econômico, em vez de uma colaboração genuína para com o bem social. Se isso se tornar uma prática generalizada, pode reduzir a necessidade de visitas à emergências e consultórios médicos tradicionais, impactando negativamente médicos e pacientes. Mas, já que o atendimento deve ser centrado no paciente, isso não seria bom? Seria se, a longo prazo, a qualidade desse atendimento fosse comprovada. Somente estudos estatísticos, como meta-análises, poderão “bater o martelo” comprovando isto.
Consequentemente, com o rumor dos supostos benefícios, instituições que já tinham a fama de facilitar o acesso à informações médicas a pacientes, já deram sinal verde para colocar à prova o uso dessa tecnologia no atendimento rotineiro em suas instalações físicas, coletando informações e dados dos pacientes para melhoramento e treino dessa IA. É o caso do Mayo Clinic (hospital localizado na Flórida, Estados Unidos). Essa instituição é conhecida por ser uma das pioneiras em disponibilizar um catálogo completo de informações relevantes para o “autodiagnóstico” de pacientes através de seu website. Tal prática, associada ao contexto norte-americano, onde pessoas com problemas de saúde evitam chamar uma ambulância em acidentes de trânsito pelo seu alto custo, preferindo atendimento fisioterapeuta ao médico, levanta uma bandeira vermelha. Isso gera preocupação quando se trata de saúde publica, já que tais práticas poderiam estar associadas ao atraso do atendimento e aumento das taxas de mortalidade e morbilidade.
Além disso, ao utilizar dados de pacientes e registros médicos para treinar as inteligências artificiais, surgem preocupações com a privacidade e a ética na coleta de informações confidenciais. Embora se espere que esses dados sejam utilizados para fins altruístas, o risco de abuso ou violação da privacidade está sempre presente. A história nos ensinou que o uso de meios incorretos para fins bons pode ter consequências indesejadas, como na Segunda Guerra Mundial, onde houve um avanço concreto da medicina, mas sob testes desumanos. É crucial que essas questões sejam devidamente abordadas para proteger os direitos e a segurança dos pacientes e dos médicos.
A chegada do Google Med-PaML e de tecnologias similares representa um ponto de inflexão no campo da medicina. Se essa inteligência artificial comprovar sua capacidade de reduzir a mortalidade, melhorar o atendimento e beneficiar os pacientes em geral, sua adoção pode ser inevitável e genuinamente essencial para o avanço da nossa sociedade. No entanto, também é essencial considerar, cuidadosamente, os possíveis impactos negativos no sistema de saúde e na comunidade médica, já que, essencialmente, essas tecnologias são treinadas com dados retrógrados e desestimulam pesquisas científicas, não impulsionando novas descobertas. O ser humano é único e deve-se priorizar o atendimento individualizado, humanizado. O exame físico pode interferir na anamnese do paciente, colocando à prova a eficiência da IA. Uma das reclamações dos pacientes é que precisa haver mais empatia por parte dos médicos. A falta de empatia de empatia do médico para o paciente, sendo essa uma desvantagem de usar a IA. É imperativo encontrar um equilíbrio entre a incorporação da IA no atendimento médico e o respeito e apoio aos profissionais da área que, a milénios, dedicam suas vidas para cuidar dos pacientes. A medicina pode se tornar mais acessível ao público, mas é fundamental garantir que não se torne uma arma contra médicos e pacientes.
E você, programados, já está preparado para a proxima revolução da medicina e da tecnologia? Acha que isso trará melhorias ou irá piorar o cenário atual? Será que a saúde deveria estar tão atrelada assim a tecnologia?
Somente através de uma abordagem responsável e ética, respaldada por metanálises e dados sólidos, poderemos tomar decisões informadas para o avanço responsável da medicina.