Reflexões sobre o Ambiente de Trabalho e o Desafio do Egocentrismo no Setor de Desenvolvimento
Início na Empresa: Expectativas e Realidade
Olá Pessoal, sou desenvolvedor full-stack com foco em frontend, porém, migrando para backend, estudo programação a dois anos, e estou atuando no mercado de trabalho a 1 e meio. Meu primeiro post aqui e encorajado pelo post do @andrewmatheus 'A dura realidade sobre a area de TI que ninguem te conta inclusive (cursos e faculdade)', neste post pretendo contar a vocês um pouco das frustações que passo por trabalhar em uma empresa sem metodologias e desorganizada.
**Trabalhando numa Empresa Desorganizada **
Para começar, vou explicar a vocês a dinâmica da empresa, ambiente de poucos funcionários, alguns suportes do sistema e 4 desenvolvedores, eu sendo um deles, e fazendo parte desse grupo, o chefe do setor de desenvolvimento, na teoria poderiamos dizer que exerce um papel de tech lead, na teoria... Por morar em uma cidade do interior do RS, é uma das poucas empresas de tecnologia da cidade, talvez a única, tenho alguns amigos que alguns anos atrás já trabalharam nessa mesma empresa como desenvolvedor e agora trabalham para o exterior. Quando comecei a estudar programação, me deram a brilhante ideia de conversar com o dono da empresa para conseguir um emprego, me alertaram sobre o ambiente hostíl e sobre o 'tech lead' que citei acima, ser extremamente egocentrico, programar orientado a gambiarras e sempre se achar o certo, porém era um preço que estava disposto a pagar para entrar no mercado e aprender com um sistema real.
Início Promissor e Evolução das Responsabilidades
Após alguns meses estudando em um escritório com esses amigos trabalhando remoto e me dando total apoio nas duvidas e conceitos mais complexos, fui conversar com o dono da empresa. Após uma conversa, me 'contratam' por um período teste, tipo um período de estágio informal, no começo era tudo muito bom, como eu só sabia HTML, CSS e um pouco de javascript, não fazia muita coisa, era pago para ficar estudando e de vez enquando fazia landing pages, e ficava me perguntando porque meus amigos me alertaram tanto dessa empresa e desse 'tech lead', sendo meu relacionamento com ele estava ótimo, sempre fui extrovertido, por esse fato até fazia viagens com o dono da empresa e ele, para conversarmos diretamente com o cliente.
Porém, como nem tudo são flores uma hora a conta chega, com o passar dos mêses e o meu conhecimento sendo mais aprimorado, comecei a ter responsabilidades maiores dentro da empresa, comecei a dar manutenções em alguns apps de rastreamento da empresa feitos em ionic, realizava o build no Android Studio para mandar o apk diretamente para o cliente e mexer na aplicação principal da empresa que é a plataforma web, desenvolvida em python(django) e javascript puro com jquery no front.
Desorganização e Desafios Técnicos: Um Ambiente Caótico
Comecei a estranhar pelo fato de não criarmos branches para novas features, comitavamos direto na master, sem padrão de commit, pois ninguem revisava o código de ninguém, detalhe não comitavamos nem com nossas proprias contas, era fornecido a senha do criador do repositorio do bitbucket para subirmos em produção, cansei de digitar 'git commit -m "a"', 'git push origin master', cansei de ouvir a frase 'o sistema caiu?', 'o sistema está fora?'.
Pressão Desnecessária e Comparação Injusta
Ficava frustrado pois ao chamar por ele (o falso tech lead), era respondido com 'vc consegue', 'pesquisa mais que vc vai achar o problema' nas tasks que ele mesmo me passava, (não utilizavam nem um trello, se quer para o desenvolvimento). Agora vocês imaginam um júnior com 8 meses na empresa tendo que resolver problemas de compilação do android studio, build.gradle, targetSdkVersion etc, eu não sabia nem por onde começar, se não fosse um daqueles amigos, que mesmo não trabalhando na empresa, me ajudava todo santo dia, respondendo os prints de código e me ajudando a pesquisar no stackoverflow e no github.
O fato que mais me incomodava, quando eu era comparado a outros programadores que ja tinham passado na empresa, mesmo com 8 meses de experiencia, queriam que eu tivesse a mesma produtividade de desenvolvedores que ficaram 3 anos na empresa, a maioria deles sendo meus amigos, por conta de tantas comparações voltava muitas vezes triste para casa e pensando se realmente programação era pra mim, pois eu não era nem perto de ser um 'fora da curva'. Acho que era pelo fato dele se comparar com os outros programadores que por ali passaram, e que ele 'ensinou', a maioria estar trabalhando para o exterior, isso mexia com o ego extremamente inflado dele que acabava sendo descontado em mim.
A Busca por Novas Oportunidades
Lembro que passava horas olhando vagas no linkedin, todos os dias aplicando para vagas de estágio e vagas de junior frustrado buscando uma maneira de sair da empresa, porém continuando ganhando salário e trabalhando com desenvolvimento, quando voltava pra casa da empresa, me motivava cada vez mais para estudar programação, para sair o quanto antes dalí e não ser um programador como ele. Pois não é só questão de dinheiro e sim se você quer ser uma pessoa referência na sua área de atuação, ou só mais um.
Conclusão
Consegui a primeira vaga na área como júnior, mesmo sem saber fazer nada perto de um crud, aprendi demais dentro da empresa, sou extremamente grato, porém as pessoas que nela continham fizeram eu ter uma experencia horrível e me mostrar muito de como serão os desafios daqui pra frente. E que todo esse perrengue não mudou a essencia e a vontade de ajudar quem é mais novo na área, sou da ideologia que se aprendemos apanhando, não precisamos ensinar batendo. Ainda trabalho nessa mesma empresa, porém conseguindo voar com minhas próprias asas, menos perdido e sabendo distinguir o que é um código feito com o mínimo de esforço e o que não é. Ainda sigo buscando uma oportunidade em uma empresa melhor, irei me mudar para a capital do estado e tentar uma vaga de estágio por meio da faculdade.
Peço perdão pelos erros de pontuação e se você teve uma história parecida ou está passando por isso, me conta ai, vou adorar conversar sobre.