Uma Análise Sobre o Debate de "Primeira Vaga em Tecnologia ou Programação"
Houveram muitas mudanças no mundo desde a pandemia. Uma delas foi que, já não é mais tão fácil assim entrar na área de programação.
Bom, nunca foi muito "fácil", porém, era como uma fonte de esperança para muitas pessoas sem condições financeiras a conseguirem um trabalho interessante e que pagasse bem. Já que devido a falta enorme de pessoas para a área de tecnologia, a falta tremenda de talentos, muitas barreiras para essa profissão não existem, como a própria questão da faculdade não ser necessária para conseguir uma vaga.
Era simplesmente "estudar", até um ponto que tivesse os conhecimentos básicos de uma vaga, se inscrever, fazer a entrevista e passar.
Eu consegui ser uma dessas pessoas que estudaram bastante por alguns meses, conseguiu uma vaga na área e estudou com ainda mais esforço para que conseguisse ser efetivado. O que eu fui.
Um jovem de 17 anos efetivado no mercado de trabalho de tecnologia desenvolvendo um aplicativo usado por milhares de pessoas diariamente no país.
Caramba, um sonho né? Parece até coisa que se vê sempre de forma distante, na TV, nos livros e etc.
E essa rapidez e "facilidade" para entrar numa área tão interessante de trabalhar fizeram com que diversas outras pessoas também quisessem aprender a programar, entender mais sobre tecnologia para conseguirem uma vaga dos sonhos.
Bom, podemos dizer que "os tempos mudaram". Assim como uma fala no filme Estrelas Além do Tempo:
"Toda vez que temos a chance de avançar, eles mudam a chegada."
É, o sonho do pobre de emprego dos sonhos em tecnologia já não está mais tão perto como antes.
Após o crescente aumento da digitalização do negócios ao redor do mundo, o dinheiro tremendo que empresas de tecnologia estavam ganhando, veio o período de fim da pandemia.
Pessoas não estavam mais com tempo o suficiente para ficarem usando as ferramentas digitais, elas precisavam voltar a vida presencial pré-pandemia, e além de tudo, ter que escolher melhor qual ferramentas das várias das concorrências iria utilizar em seu tempo livre.
Como escolher qual dos Streamings assistir? Disney+, Star+, Netflix, Prime Video, HBO, Youtube, GloboPlay e qual mais?
Qual das diferentes lojas, produtos, serviços de Startups iremos comprar e usar?
Bah, do nada percebemos que mais uma vez nosso sistema Capitalista gerou o efeito de superprodução.
Agora, invés de lucros de 10 bilhões de dólares, os lucros estavam apenas em 7 bilhões de dólares.
"Caramba!", eles pensaram. "Como podemos voltar a lucrar ainda mais como na Pandemia?", porque claramente não foi o bastante para industria os valores abissais tidos durante um dos períodos mais preocupantes da humanidade contemporânea.
"Layoffs! É isso!", acharam eles a solução. Como toda regra para lucrar mais, abaixa-se o custo de produção para que o lucro aumente.
"Vamos demitir as pessoas, dizendo que temos problemas financeiros! E contrata-las depois pagando muito menos, pelo mesmo motivo que as demitimos!", uau, simplesmente genial! Mais uma vez o sistema Capetalista se transforma para explorar ainda mais as pessoas e conseguirem lucros ainda maiores.
Agora, no momento, há o tremendo paradoxo:
- Pessoas com tempo na área e muito conhecimento não serão contratadas, por terem um custo alto de serviço.
- Pessoas novas na área não terão sua primeira oportunidade, porque sua força de trabalho não é tão valiosa quanto alguém que está a algum tempo na área.
"Quem contratamos então?", pensam eles.
"Já sei, iremos tornar cada vez pior as condições de trabalho, a ponto que as únicas pessoas que continuarem a trabalhar em nossas empresas serão as que dependem completamente do trabalho que possuem, assim podemos sobrecarregar essas pessoas para que elas trabalhem por muitas outras!", e mais uma vez uma jogada de mestre, o sistema capitalista usa a velha tática de precarização e exploração do trabalho.
Viu por aí sobre o aumento do trabalho presencial e o fim do trabalho remoto? Caramba, que coincidência, todas as empresas misteriosamente estão obrigando seus funcionários a irem ao presencial, ou pedirem demissão. E quando esses chegam ao presencial, táticas de microgerenciamento e ainda maior sobrecarga de trabalho, a ponto de só restarem de fato aqueles que "vestem a camisa".
Lembra daquela moça do Twitter que dormiu no escritório? Ou do coach rico das 14 horas de trabalho? Ou dos recrutadores reclamando de candidatos pedindo direitos trabalhistas básicos (plano de saúde, férias, vale alimentação)? Ou de posts de pessoas falando que depois dos Layoffs só sobraram aqueles que realmente se dedicam a empresa?
Bom meus queridos, isso tudo não é coincidência...