Distribuições Linux (do fácil ao avançado) · Operaho

Quando se trata de Linux, eu vejo alguns comentários sobre qual distribuição seria adequada para X tarefa, e isso é uma pergunta totalmente válida, ainda mais quando se trata de um iniciante, alguém que foi introduzido na área recentemente e não tem muita ideia por onde começar e se o sistema que irá utilizar realmente satisfaz todas as suas necessidades.

Vale ressaltar que escolher uma distribuição "fácil" não é sinal de leiguice, apenas agiliza o processo de entender o sistema e não ter que lidar diretamente com cada possível problema.

Para uma pessoa que não possui noção com sistemas operacionais e o quão diferente seria utilizar algo além de Windows ou MacOS, distribuições que facilitam o processo de entendimento por serem dinamicamente simples já existem e eu tenho várias recomendações em mente:

Nível "Precisa do trabalho feito e não quer se estressar" (Fácil)

Mint e Pop!OS:

Os dois possuem uma interface simples, a do Mint sendo a mais tranquila de se reconhecer para quem veio do Windows. A maioria dos programas de uso básico já vem instalados, encontrar outros aplicativos é tarefa simples com as lojas de cada um (a do Pop! sendo a melhor na minha visão), e a customização desses sistemas é bem eficiente de uma forma geral.

Sendo específico, eu diria que a estabilidade do Mint torna ele melhor para quem não passa muito tempo resolvendo problemas do próprio sistema, porém o Pop!OS, depois da versão 22.04 LTS, se tornou mais independente da base do Ubuntu e começou a disponibilizar uma interface mais original que é bem responsiva e diversa.

Não existem muito contrapontos ao se considerar toda a estabilidade e o método "instala e usa" que os dois proporcionam, portanto, é possível concluir que não será nenhuma dor de cabeça usá-los.

Nível "Tem tempo pra resolver alguns probleminhas" (Razoável)

Fedora e Zorin

O Fedora só não está no nível mais fácil por precisar de algumas leves mudanças que podem gastar um pequeno tempo do usuário, como o gerenciamento de pacotes pelo rpmfusion e até mesmo a própria instalação de drivers proprietários. Com essa única exceção, seu uso é simples e a interface é extremamente polida, principalmente na nova versão 36 do Fedora Workstation.

Sobre o Zorin, a parte ruim dele é definitivamente o recurso freemium, que restringe algumas customizações do sistema a usuários Pro. Entretanto, é uma distro bem otimizada e fácil de usar, para quem não faz questão de modificar o sistema muito e quer algo eficiente e limpo, é uma boa opção.

Nível "Se quebrar dá pra consertar" (Médio)

Manjaro e Endeavour

O que é comum entre esses dois é o recurso de rolling release, ou seja, aplicações sendo atualizadas frequentemente dentro da distro. Apesar de o sistema estar sempre recebendo as versões mais novas e consequentemente facilitando o uso de recursos recentes, seu uso pode ser comprometido por atualizações que não se encaixam adequadamente no sistema e atrapalham a experiência do usuário.

Tanto o Manjaro quanto o Endeavour possuem ótimas interfaces, utilizam o gerenciador de pacotes pacman (derivados do Arch), e por isso tem todo o acesso ao repositório imenso da distro que os deu origem.
O Endeavour aproxima bastante um usuário com pouca experiência da forma como o Arch se comporta com sua GUI, e o Manjaro tem uma grande quantidade de DEs e atua de forma bem responsiva e agradável.

Nível "Posso passar 24 horas aprendendo" (Avançado)

Arch e Void

Além de não serem baseados em outras distribuições, esses dois sistemas dão uma grande liberdade ao usuário em todos os sentidos, e ainda entregam boa performance e uma interface leve. Porém, são sistemas mais complexos e que exigem maior atenção na resolução de problemas.

Apesar da dificuldade, o Arch é característico pela sua abordagem rolling release mais extrema, demorando pouquíssimo tempo para se adaptar a atualizações recentes, além de ter uma ótima Wiki e o AUR, que hospeda pacotes enviados pelos usuários e que podem ser utilizados de uma forma muito simples.

O Void tem uma abordagem parecida com a do Arch, porém suas atualizações são mais estáveis durante os upgrades. Um fator importante é o uso do runit ao invés do tradicional systemd, que facilita bastante a criação de processos, além de ser mais eficiente para inicialização do sistema. Seu gerenciador de pacotes xbps também é vasto e altamente flexível.

Nível "Paciência é uma virtude" (Extremo)

NixOS e Gentoo

O Nix precisa de mais passos para ser utilizável, pois possui uma interface muito dependente de configurações manuais e seus atributos para gerenciamento do sistema são estranhamente diferentes, tornando seu uso mais nichado. Entretanto, é uma distro confiável e bem adaptável, disponibilizando uma administração de versões e pacotes do sistema de forma bem eficiente.

Sobre o Gentoo, não é necessário dizer muita coisa. Sua instalação envolve compilar praticamente todo o sistema operacional, e mantê-lo é algo que levará sempre muito tempo e paciência. Ele possui handbooks para inicialização de cada arquitetura, e uma vez que está pronto para ser usado, é rápido, flexível e conciso.

Todas essas distribuições vão ter comportamentos diferentes conforme alguém usa, então é óbvio que eu tive como base uma experiência geral com um pouco de distro hopping e opiniões diversas pela internet.
No fim, o ideal para quem está interessado em utilizar Linux é testar as distribuições que mais chamam a atenção e manter aquela que se comporta melhor às suas necessidades, trocando sempre que for necessário.

Obrigado! :D