E aí, pessoal! Tudo bem? Me chamo Nilo Dial e sou Web Designer.

O dia a dia de quem trabalha na criação de produtos pode ser bem estressante, e por isso gostaria de compartilhar algumas reflexões sobre estoicismo, que acredito poder ajudar, nem que seja 1%.

Este texto é inspirado no livro 'O Obstáculo é o Caminho' de Ryan Holiday.

O livro aborda a filosofia do estoicismo, uma filosofia que eu aprecio muito. De forma simples, o estoicismo trata de como interpretamos o mundo ao nosso redor. É sobre aprender a ver o lado positivo das coisas e focar no que podemos controlar internamente. Não podemos mudar o que acontece em nossa vida, muito menos o que já passou, mas podemos escolher como interpretar e reagir a esses eventos.

O foco do livro é mostrar que as dificuldades são oportunidades para crescimento. Como disse Benjamin Franklin, 'O que dói, ensina.'

BASE

Seja o que for que enfrentemos, temos uma escolha: deixar que os obstáculos nos detenham ou seguir em frente e superá-los. Ao nos depararmos com um obstáculo aparentemente intransponível, devemos manter alguns objetivos em mente:

• Ser objetivos.
• Controlar as emoções e manter o equilíbrio.
• Escolher ver o que há de bom na situação.
• Acalmar os nervos.
• Ignorar o que perturba ou limita os outros.
• Colocar as coisas em perspectiva.
• Focar no momento presente.
• Concentrar-se no que pode ser controlado.

Com esses objetivos, conseguimos encontrar oportunidades até mesmo nos desafios mais difíceis.

"Escolha não se sentir prejudicado, e você não será. Não se sinta prejudicado, e você não será."
— Marco Aurélio

PERCEPÇÃO

Percepção é como vemos e entendemos o que ocorre ao nosso redor. Como disse Shakespeare: “Nada é bom ou mau, é o pensamento que faz as coisas assim.” Isso é verdade: praticamente tudo que sentimos é baseado na forma como interpretamos o cenário à nossa volta. Se quisermos, sempre podemos enxergar mais de um ponto de vista. Se só conseguimos ver o lado negativo, nossa interpretação e sentimentos também serão negativos. Esforce-se para ver outros ângulos da situação. Lembre-se: o que já passou não pode ser mudado, mas a sua forma de pensar pode.

O bem e o mal são questões de percepção. Em um cenário comum onde alguém errou, podemos ter dois resultados: tirar proveito da situação de alguma forma ou sucumbir à raiva e ao medo.

Aprender a tirar proveito de situações difíceis é uma habilidade muito importante. Sempre há um contra-ataque, uma fuga, uma saída. Não há razão para se preocupar de forma desmedida. Claro, aplicar esse pensamento na prática não é fácil, mas é o caminho natural da vida. Aprender a usar os obstáculos a seu favor é uma habilidade essencial. Se você mantiver a calma, nada realmente "aconteceu" — sua percepção se certifica de que aquilo não era tão importante, e surge a sensação de “tudo está bem.”

Essas ideias podem parecer difíceis de aceitar no início, principalmente quando buscamos motivos externos para invalidar esses pensamentos. No entanto, o estoicismo trata do controle interno: a forma como enxergamos e interpretamos o mundo. “Quer ter um grande império? Governe a si mesmo.” — Publílio Siro.

É válido destacar que, se uma emoção não pode mudar a situação, provavelmente ela é inútil ou até destrutiva. Quem nunca ficou remoendo um pensamento que não leva a lugar algum? Uma boa forma de derrotar emoções negativas é usar a lógica. Faça perguntas a si mesmo: "Perdemos dinheiro. Mas perdas fazem parte dos negócios? Sim. Essas perdas são catastróficas? Não necessariamente." Assim, não é algo inesperado e pode ser contornado.

O que aconteceu impede você de agir com justiça, generosidade, autocontrole, sanidade, prudência, honestidade, humildade, objetividade? Não? Então, volte ao trabalho.

Muitas vezes, a lógica não elimina por completo o que sentimos, e isso não é um problema. O objetivo não é reprimir todos os sentimentos, mas sim entender os problemas e encontrar a melhor saída, porque eles não são o fim do mundo — a vida continua. Se for necessário parar um momento para chorar, faça-o; não há problema. Isso faz parte do processo.

Ver as coisas de outro ângulo ajuda em diversos aspectos da vida. Questionar os impulsos básicos é necessário. Um cervo, ao sentir perigo, corre, muitas vezes em direção ao tráfego... Podemos questionar e discordar de nossos impulsos, analisar as ameaças antes de agir, respirar fundo e refletir. Se possível, retire-se por um momento e pense em um ambiente mais calmo.

Desprezar certas percepções exageradas é uma boa maneira de “desnudar” as emoções, deixando as coisas mais simples e objetivas. Sempre que alunos citavam grandes pensadores, Epicteto pedia que imaginassem essa pessoa fazendo sexo. Pode parecer curioso, mas o exercício visava reduzir a figura a algo primal e mostrar que ela é comum como todos os outros. Marco Aurélio fazia isso com mercadorias: tirava todo o “enfeite” dos itens mais caros e glamorosos, lembrando que carne assada é apenas um animal morto e vinho vintage são uvas velhas fermentadas. O objetivo era ver as coisas como realmente são, sem enfeites. Tente aplicar isso a pessoas, objetos e situações para perceber que tudo é mais simples do que parece.

Sobre perspectiva, “O homem não existe por existir. Ele sempre decide como será sua existência e o que se tornará no momento seguinte. Da mesma forma, todo ser humano tem a liberdade de mudar a qualquer momento” — Viktor Frankl. A questão aqui é entender que, se você esmiuçar uma situação ou olhá-la de um novo ângulo, ela perderá o poder sobre você. Lembre-se: somos nós que escolhemos como veremos as situações. Temos a capacidade de atribuir um ponto de vista a um acontecimento.

Depois de ver as coisas de outro ponto de vista, pergunte-se: isso depende de mim? “Na vida, nosso primeiro trabalho é distinguir e dividir os eventos em duas categorias: a dos eventos externos, que não podemos controlar, e a das escolhas que fazemos em relação a eles, que controlamos. Onde encontrarei o que é bom e o que é ruim? Em mim, em minhas escolhas.” — Epicteto. Então, o que depende de nós?

• Nossas emoções.
• Nossas opiniões.
• Nossa criatividade.
• Nossa atitude.
• Nosso ponto de vista.
• Nossos desejos.
• Nossas decisões.
• Nossa determinação.

O ponto-chave é entender que a maioria das coisas não está sob nosso controle. Não podemos fazer nada para mudar certas realidades, como um acidente de trânsito, mas podemos controlar todos os pontos listados acima. Se você conseguir administrar esses aspectos, sua experiência será completamente diferente. Entender que não temos controle sobre as coisas externas é um processo libertador. As coisas ficam mais simples porque percebemos que não somos responsáveis por tudo, e nossa vida se torna mais leve. Focamos apenas no que importa: o que está dentro de nós e podemos controlar.

“Genialidade é a capacidade de pôr em prática o que está em sua mente. Não há outra definição” — F. Scott Fitzgerald. Nossa percepção determina o que somos ou não capazes de fazer. Em muitos aspectos, ela define a própria realidade. Quando acreditamos no obstáculo mais do que na meta, quem inevitavelmente triunfa? Uma pessoa determinada é aquela que acredita na sua capacidade de transformar algo do nada. Ela não olha para o obstáculo, mas para a oportunidade dentro dele. Decida enfrentar o que está no seu caminho, não por desafiar as probabilidades, mas porque calculou e corajosamente abraçou o risco.

AÇÃO

A ação é a solução e a cura para nossas dificuldades.

Na vida, não importa o que acontece com você ou de onde você veio. O que importa é o que você faz com o que lhe acontece e com o que tem.

“Todos devemos nos esgotar ou enferrujar, cada um de nós. Minha escolha é me esgotar.” — Theodore Roosevelt. É essencial se manter em movimento constante, um passo de cada vez. O caminho se revela enquanto estamos em movimento, as ideias surgem e nossa mentalidade se transforma. Mas é importante lembrar que, se quiser impulso, precisa criá-lo sozinho, agora mesmo, levantando-se e começando.

“Dizem que a melhor saída é sempre em frente. E eu concordo com isso, ou até agora. Já que não consigo ver outra saída, senão em frente.” — Robert Frost. Fixe na sua mente que não seremos detidos pelo fracasso; não seremos apressados ou distraídos pelo ruído externo. Vamos atacar e imobilizar o obstáculo até que ele desapareça. Resistir é inútil. Desistir não é uma opção. Considere esta mentalidade:

• Nunca com pressa.
• Nunca preocupado.
• Nunca desesperado.
• Nunca largar pela metade.

Somente enfrentando os impedimentos que fizeram outros desistirem é que alcançaremos territórios inexplorados. Diante dos contratempos, respondemos trabalhando em dobro.

A verdade é que não é possível fugir dos problemas; no máximo, podemos deixá-los em segundo plano. Isso pode parecer confortável no início, mas, com o tempo, eles voltarão à tona, e pior do que antes. A mentalidade necessária é de que você vai resolver todos os seus problemas — é só uma questão de tempo. Quando internalizar isso, a jornada se tornará mais tranquila. Lembre-se de que podemos resolver os problemas aos poucos, sem precisar fazer tudo de uma vez, mas precisamos persistir. Às vezes, a volta mais longa é o caminho mais curto para casa.

“Você nunca deve desperdiçar uma grande crise. Problemas adiados por muito tempo, que eram de longo prazo, agora são imediatos e precisam ser resolvidos. Uma crise nos dá a oportunidade de fazer coisas que não podíamos fazer anteriormente.” — Rahm Emanuel.

“O que é derrota? Nada além de aprendizado, nada além dos primeiros passos para algo melhor.” — Wendell Phillips. No caminho para uma ação bem-sucedida, certamente enfrentaremos fracassos, possivelmente muitos. Quando o fracasso vier, pergunte: O que deu errado? O que pode ser melhorado? O que estou deixando passar? Isso ajuda a criar maneiras alternativas de fazer o que precisa ser feito.

Aprender com o fracasso não sai de graça. A mensalidade é paga com desconforto, perdas e recomeços, mas a recompensa sempre vale cada minuto de esforço aplicado. Preste atenção nos seus fracassos, observe, ouça — as lições só serão difíceis se você se recusar a ouvi-las. Siga o processo, não apenas o prêmio.

“Tudo que é feito corretamente, por mais humilde que seja, é nobre.” — Sir Henry Royce. O processo precisa ser percorrido de forma correta, sem atalhos e sem os caminhos errados. Seja qual for o desafio, nosso dever é responder com:

• Trabalho duro.
• Honestidade.
• Ajudando os outros da melhor forma possível.

Faça o melhor que pode com aquilo que tem, em todos os momentos. A vida nos faz uma pergunta, e nossas ações são a resposta. Pergunte-se: quem você quer se tornar no final do processo?

“Não ceda à adversidade, não confie na prosperidade e sempre preste atenção ao hábito do destino de se comportar como bem quer.” — Sêneca.

VONTADE

A vontade é o nosso poder interior, que nunca pode ser afetado pelo mundo exterior.

A vontade representa força e sabedoria. Ela se refere não apenas aos obstáculos específicos, mas à própria vida e ao lugar que esses obstáculos ocupam nela. É a capacidade de suportar e perseverar. Reconheça a dor, mas prossiga com sua tarefa. Em todas as situações, pergunte-se se você pode:

• Se preparar para momentos mais difíceis.
• Aceitar o que não pode ser mudado.
• Gerenciar suas expectativas.
• Perseverar.
• Aprender a amar o seu destino e o que acontece com você.
• Proteger seu eu interior, buscando refúgio dentro de si mesmo.
• Se submeter a uma causa maior.
• Se lembrar da sua própria mortalidade.

Você terá mais êxito se fortalecendo do que tentando forçar um mundo que, na melhor das hipóteses, é indiferente à sua existência. O seu mundo é governado por fatores externos, mas, com antecipação, temos tempo para reforçar nossas defesas ou evitá-las completamente. Estamos preparados para o fracasso e prontos para o sucesso.

Com todas as observações feitas, fica claro que a vida, em muitos aspectos, é simples, mas tendemos a complicá-la. Quando reduzimos os pensamentos e sentimentos ao essencial, percebemos que poucas coisas realmente merecem nosso tempo e energia. Um desses sentimentos que vale cada minuto de dedicação é o amor. Ver o mundo com amor facilita muito as coisas e torna muitas situações mais leves. A raiva, por outro lado, não nos levará a um lugar positivo nem permitirá que tomemos boas decisões.

“Minha fórmula para a grandeza em um ser humano é amor fati.” — Friedrich Nietzsche. Precisamos aprender a encontrar alegria em cada evento que acontece, porque sempre haverá mais obstáculos e desafios maiores. Faz parte do processo.

CONCLUSÃO

A vida está cheia de desafios, mas é na forma como lidamos com eles que encontramos nosso verdadeiro potencial. O estoicismo nos ensina que a nossa percepção, ação e vontade são fundamentais para transformar obstáculos em oportunidades. Aprender a enxergar as situações de diferentes ângulos, manter o controle sobre nossas emoções e focar no que realmente podemos mudar são atitudes que ajudam a navegar por tempos difíceis com mais clareza e propósito.

A percepção nos mostra que nada é bom ou ruim por natureza, tudo depende de como interpretamos os acontecimentos. A ação é a força que nos move adiante, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis. E, por fim, a vontade é a resiliência interna que nos permite suportar as adversidades e aceitar aquilo que não podemos mudar.

O caminho para a grandeza e para a paz interior não é fácil, mas é simples: trabalhar com consistência, perseverar diante das dificuldades, manter uma perspectiva positiva e se concentrar em fazer o que está ao nosso alcance. Aceitar o que não pode ser alterado e amar o que acontece conosco — o "amor fati" — são atitudes que trazem mais leveza à vida e nos tornam mais fortes.

O estoicismo, então, é uma filosofia prática, que nos ensina a viver bem mesmo em meio às adversidades. É sobre saber quando recuar e quando avançar, e entender que, no final das contas, somos responsáveis por nossas próprias escolhas e atitudes. Como disse Sêneca, “Não ceda à adversidade, não confie na prosperidade e sempre preste atenção ao hábito do destino de se comportar como bem quer.” Ao aceitarmos essa realidade, aprendemos a tirar o melhor de cada situação e a construir um caminho mais sólido e significativo para nós mesmos.