GraphQL vs. REST: Por que o REST ainda é a escolha certa para projetos grandes (e por que a era de ouro do GraphQL já passou)
1. Complexidade desnecessária em projetos grandes
O GraphQL é frequentemente vendido como uma solução mágica para problemas como underfetching e overfetching. No entanto, em projetos grandes, a complexidade que ele introduz pode se tornar um pesadelo.
- Esquemas e Resolvers: Enquanto no REST você tem endpoints claros e bem definidos, no GraphQL você precisa gerenciar esquemas complexos e resolvers para cada tipo de dado. Em projetos grandes, isso pode levar a uma explosão de complexidade, especialmente quando você tem dezenas (ou centenas) de entidades e relações.
- Problema do N+1: Consultas aninhadas no GraphQL podem resultar em múltiplas chamadas ao banco de dados, o que prejudica a performance. Embora existam soluções como o DataLoader, elas adicionam ainda mais complexidade ao sistema.
- Dificuldade de otimização: Em APIs REST, é mais fácil otimizar endpoints específicos para atender a necessidades de performance. No GraphQL, como o cliente pode solicitar qualquer combinação de dados, otimizar consultas se torna muito mais desafiador.
2. Falta de maturidade em ferramentas e ecossistema
Enquanto o REST é uma tecnologia madura e amplamente adotada, o ecossistema do GraphQL ainda está em evolução — e isso pode ser um problema em projetos grandes.
- Ferramentas imaturas: Muitas ferramentas do ecossistema GraphQL, como codegen e plugins de validação, ainda não são tão robustas quanto as equivalentes no mundo REST. Isso pode levar a problemas de integração e manutenção.
- Dificuldade de debugging: Debuggar problemas em APIs GraphQL pode ser muito mais complicado do que em REST, especialmente quando você lida com consultas complexas e resolvers aninhados.
- Falta de padrões consolidados: Enquanto o REST tem padrões bem estabelecidos (como o uso de verbos HTTP e status codes), o GraphQL ainda carece de convenções claras para coisas como tratamento de erros, paginação e versionamento.
3. Performance e escalabilidade
Um dos grandes mitos sobre o GraphQL é que ele é sempre mais performático que o REST. Na prática, isso nem sempre é verdade — especialmente em projetos grandes.
- Overhead de consultas: O GraphQL permite que os clientes solicitem exatamente os dados que precisam, mas isso vem com um custo: o servidor precisa processar consultas complexas e montar respostas sob demanda. Em sistemas com alto volume de requisições, isso pode levar a problemas de performance.
- Caching: O REST é muito mais fácil de ser cacheado em nível de HTTP, graças ao uso de verbos padrão e URLs bem definidas. No GraphQL, o caching é mais complicado, já que todas as consultas são feitas via POST (na maioria das implementações) e não há URLs únicas para cada recurso.
- Escalabilidade: Em projetos grandes, a escalabilidade horizontal é crucial. APIs REST são mais fáceis de escalar, pois você pode distribuir a carga entre diferentes endpoints. No GraphQL, como tudo passa por um único endpoint, escalar pode ser mais desafiador.
4. Grandes empresas estão abandonando o GraphQL
A era de ouro do GraphQL já passou, e muitas empresas que adotaram a tecnologia estão reconsiderando suas escolhas.
- Volta ao REST: Empresas como o GitHub e o Shopify, que foram early adopters do GraphQL, estão migrando parte de suas APIs de volta para REST ou adotando SDKs. O motivo? A complexidade e o custo de manutenção do GraphQL em larga escala.
- Uso de SDKs: Em vez de expor APIs GraphQL, muitas empresas estão optando por SDKs específicos para suas plataformas. Isso permite um controle maior sobre como os dados são consumidos e reduz a complexidade no lado do cliente.
- Custo de manutenção: Manter uma API GraphQL em grande escala é caro. Além da complexidade técnica, você precisa de equipes especializadas para gerenciar esquemas, resolvers e otimizações. Para muitas empresas, o custo-benefício simplesmente não vale a pena.
5. REST é mais simples e previsível
No final do dia, o REST é uma tecnologia mais simples e previsível — e isso é uma vantagem enorme em projetos grandes.
- Endpoints claros: No REST, cada endpoint tem uma responsabilidade clara e bem definida. Isso facilita a compreensão, a documentação e a manutenção da API.
- Fácil de testar: Testar APIs REST é muito mais simples, já que cada endpoint pode ser testado de forma isolada. No GraphQL, como as consultas são dinâmicas, os testes tendem a ser mais complexos.
- Menor curva de aprendizado: REST é uma tecnologia madura e amplamente conhecida. Novos desenvolvedores podem começar a trabalhar com APIs REST muito mais rapidamente do que com GraphQL.
Conclusão
O GraphQL tem suas vantagens, especialmente em cenários onde a flexibilidade e a capacidade de evitar under/overfetching são críticas. No entanto, para projetos grandes e complexos, o REST ainda é a escolha superior. Ele é mais simples, mais previsível e mais fácil de escalar — e, como estamos vendo no mercado, muitas empresas estão percebendo isso e voltando ao REST ou adotando SDKs.
A era de ouro do GraphQL pode ter passado, mas isso não significa que a tecnologia não tenha seu lugar. Ela pode ser uma ótima escolha para projetos menores ou com necessidades específicas. No entanto, para a maioria dos projetos grandes, o REST continua sendo a opção mais robusta e confiável.
Então, antes de pular no hype do GraphQL, avalie cuidadosamente as necessidades do seu projeto. Às vezes, a simplicidade do REST é exatamente o que você precisa.