Vídeos no YouTube acumularam em média 41 visualizações em 2024, segundo pesquisadores
O Google não divulga muitos detalhes sobre o funcionamento interno do YouTube, o que especialistas consideram problemático, dada a enorme influência global da plataforma. Para contornar essa falta de transparência, um grupo de pesquisadores desenvolveu um programa que gera URLs aleatórias de vídeos no YouTube para encontrar uploads verídicos.
Cada vídeo no YouTube recebe um identificador único de 11 caracteres. O programa gerou 18 trilhões de combinações aleatórias e encontrou 10 mil vídeos reais. Para efeito de comparação, se uma pessoa fizesse essa busca manualmente, gastando três segundos por tentativa, levaria 178 anos para encontrar um único vídeo.
A análise indica que, em meados de 2024, havia aproximadamente 14,8 bilhões de vídeos na plataforma, mas a maioria passou despercebida: a média de visualizações por vídeo é de apenas 41. Além disso, 4% dos vídeos nunca foram assistidos por ninguém, 74% não têm nenhum comentário e 89% nunca receberam um like.
Os pesquisadores também analisaram a qualidade da produção e apontaram algumas falhas: apenas 14% dos vídeos possuem um cenário ou fundo profissional, enquanto só 38% apresentam algum tipo de edição. Mais da metade das gravações tem filmagem tremida, e a qualidade do áudio varia bastante em 85% dos casos. Além disso, 40% dos vídeos são apenas faixas de música sem narração. O tempo médio das publicações é de apenas 64 segundos, e mais de um terço dos vídeos têm menos de 33 segundos.
Segundo um dos pesquisadores, o YouTube se tornou uma infraestrutura digital onde a maioria dos vídeos não é feita para viralizar. Apenas 0,21% dos vídeos analisados tinham algum tipo de patrocínio ou propaganda, e só 4% incentivavam o público a curtir, comentar ou se inscrever no canal. Isso indica que a maior parte do conteúdo na plataforma não tem foco na monetização ou no engajamento, mas funciona como uma forma de expressão pessoal – algo mais próximo dos vídeos caseiros da era das filmadoras.