Mozilla gera polêmica ao introduzir Termos de Uso no Firefox pela primeira vez
Os novos Termos de Uso do Firefox gerou preocupações devido à linguagem ampla utilizada, levando alguns usuários a interpretarem que a Mozilla poderia coletar e utilizar qualquer dado inserido ou carregado no navegador.
O trecho mais controverso afirma que, ao inserir dados no Firefox, o usuário concede à Mozilla uma licença mundial, não exclusiva e livre de royalties para usar essas informações para aprimorar a navegação e a interação com conteúdos online.
Críticos apontam que essa formulação poderia permitir interpretações amplas, levantando suspeitas sobre possíveis mudanças estratégicas na Mozilla. Brendan Eich, CEO do Brave, sugeriu que a empresa poderia estar buscando novas formas de monetização por meio de IA.
Em resposta, a Mozilla nega qualquer compartilhamento de dados dos usuários com empresas de IA e reforça que sua Política de Privacidade permanece inalterada, garantindo que os dados de interação com recursos de IA do Firefox não são enviados à empresa nem a terceiros. Além disso, ela destaca que os dados compartilhados com anunciantes são anonimizados.
A Mozilla também esclareceu os termos presentes no documento:
- Não exclusivo significa que o usuário mantém controle sobre seus dados.
- Livre de royalties indica que nem a Mozilla nem os usuários precisam pagar pelo uso de dados para o funcionamento do navegador.
- Mundial reflete a disponibilidade global do Firefox.
Apesar disso, a polêmica pode levar alguns usuários a migrarem para outros navegadores, o que representaria um desafio para a Mozilla, já que o Firefox detém apenas 2,54% do mercado, em comparação com o Chrome (67%), Safari (17,95%) e Edge (5,2%).
Diante da repercussão, a empresa atualizou sua postagem no blog para esclarecer que os novos termos não conferem à Mozilla propriedade sobre os dados dos usuários, nem ampliam seu uso além do que já está previsto na Política de Privacidade.
Atualização 04/03 14:15
Após a repercussão, a Mozilla atualizou seus termos de uso para “refletir mais claramente o escopo limitado da interação da Mozilla com os dados do usuário”. O trecho anterior foi removido e, agora, os termos estabelecem que o usuário concede à Mozilla os direitos necessários para a operação do Firefox. Isso inclui o processamento de dados conforme descrito no Aviso de Privacidade do navegador, além de uma licença não exclusiva, isenta de royalties e válida mundialmente, permitindo que a Mozilla execute as ações solicitadas pelo usuário em relação ao conteúdo inserido no Firefox. No entanto, essa licença não confere à empresa qualquer direito de propriedade sobre esse conteúdo.
Sobre a promessa de nunca vender dados dos usuários, a Mozilla esclarece que, em algumas jurisdições, a definição legal de "venda de dados" é ampla e está em constante evolução. A empresa argumenta que as interpretações concorrentes dos requisitos de não vender deixam muitas empresas incertas sobre suas obrigações exatas e se são ou não classificadas como vendedoras de dados. Além disso, admite coletar e compartilhar certos dados com parceiros para garantir a viabilidade comercial do Firefox, mas afirma que tais práticas estão detalhadas em seu Aviso de Privacidade e que trabalha para remover informações potencialmente identificáveis ou compartilhá-las de forma agregada.
Fonte: The Verge