Pesquisadores projetam proteínas que bloqueiam toxinas do veneno de cobras
Cientistas desenvolveram proteínas sintéticas mais estáveis para o tratamento de picadas de cobras, com o objetivo de superar as limitações do soro antiofídico tradicional. O veneno de cobra é composto por uma complexa mistura de toxinas, muitas delas proteínas que atacam simultaneamente diversos sistemas no corpo. Atualmente, o tratamento baseia-se em anticorpos extraídos de animais expostos a doses não letais de veneno, um método que exige refrigeração, tem validade curta e depende de processos contínuos envolvendo animais.
Para criar uma alternativa mais eficiente e acessível, especialmente em regiões rurais, os pesquisadores empregaram ferramentas de IA, incluindo o AlphaFold2, do Google, para projetar proteínas capazes de inibir as toxinas do veneno. Após a projeção, as proteínas mais promissoras foram sintetizadas e testadas em laboratório. A IA foi utilizada iterativamente para ajustar as proteínas e aumentar sua eficácia.
Os testes mostraram que essas proteínas projetadas bloquearam toxinas neurotóxicas em camundongos, protegendo completamente os animais quando aplicadas em doses cinco vezes maiores que a toxina, mesmo se administradas 30 minutos após a exposição. No entanto, as proteínas não reduziram os danos celulares causados pelas toxinas, indicando que os mecanismos de ação das toxinas ainda não são totalmente compreendidos.
O estudo é uma prova de conceito e, até o momento, as proteínas desenvolvidas são eficazes apenas contra dois tipos de toxinas, enquanto o veneno de cobra contém uma variedade de compostos. Além disso, a alta especificidade dessas proteínas limita sua aplicação a espécies específicas de cobras, o que representa um desafio para sua implementação em larga escala.