Arm ameaça cancelar licença de design de chips da Qualcomm
A empresa enviou à Qualcomm um aviso formal de 60 dias sobre o cancelamento do contrato de licença arquitetural, que permite à Qualcomm criar seus próprios chips baseados nos padrões da Arm. Esse impasse pode impactar significativamente os mercados de smartphones e computadores pessoais, além de prejudicar as finanças e operações de ambas as empresas. Caso o cancelamento seja efetivado, a Qualcomm poderá ser forçada a interromper a venda de produtos que representam uma parte substancial de sua receita, estimada em aproximadamente 39 bilhões de dólares, ou enfrentar reivindicações de enormes danos.
A Qualcomm acusa a Arm de tentar “coagir um parceiro de longa data” e considera a ação uma tentativa de obter vantagem antes do julgamento entre as partes, marcado para 16 de dezembro. O litígio teve início em 2022, quando a Arm processou a Qualcomm por violação de contrato e infração de marca registrada, em razão da aquisição pela Qualcomm, em 2021, de outra licenciada da Arm e da suposta falha em renegociar os termos do contrato. A Qualcomm argumenta que seu contrato atual abrange as atividades da empresa adquirida, a startup de design de chips Nuvia, cujo trabalho em microprocessadores se tornou essencial para os novos chips de computadores pessoais vendidos pela Qualcomm para empresas como HP e Microsoft. Esses processadores também são fundamentais para uma nova linha de PCs com IA.
Recentemente, a Qualcomm anunciou planos de incorporar o design da Nuvia, chamado Oryon, em seus chips Snapdragon, amplamente utilizados em smartphones. A Arm, por sua vez, alega que essa ação viola os termos de licença da Qualcomm e exige que a empresa destrua os designs da Nuvia criados antes da aquisição. Segundo a Arm, esses designs não podem ser transferidos para a Qualcomm sem sua autorização. As licenças da Nuvia foram rescindidas em fevereiro de 2023, após o fracasso das negociações.
Especula-se que o processo provavelmente resultará em uma licença negociada, concedendo à Qualcomm o direito de personalizar a arquitetura da Arm, mas com uma taxa de royalties mais alta do que a paga pela Nuvia. Assim como outras empresas do setor de semicondutores, a Qualcomm depende do conjunto de instruções da Arm, o código básico que permite que os chips executem softwares, como sistemas operacionais. Caso a Arm siga adiante com o cancelamento da licença, a Qualcomm será impedida de criar seus próprios designs usando essas instruções. Embora a Qualcomm ainda possa licenciar os designs da Arm por meio de acordos separados, isso acarretaria atrasos significativos e resultaria na perda do trabalho já realizado.
Entre os principais clientes da Qualcomm estão Samsung e Apple, os dois maiores fabricantes de smartphones do mundo. Antes dessa disputa, Arm e Qualcomm eram parceiras próximas que ajudaram a impulsionar a indústria de smartphones. No entanto, sob novas lideranças, as empresas estão adotando estratégias que as colocam cada vez mais como concorrentes.