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O crescimento da atividade de serviços e a queda da oferta de emprego no setor industrial, no Brasil, se dá pela commoditiezação do solo em detrimento da manufatura. Dessa forma, a população, possuidora apenas da força do trabalho como meio para obter a sobrevivência, obrigou-se a procurar nesse setor os meios para subsistência. Como exemplo disso pode-se elencar algumas àreas profissionais como, as engenharias, as administrativas, suas cadeias hierárquicas desde o topo até o chão de fábrica. No final na década de 90 essas áreas eram muito valorizadas, entretanto, com a queda da oferta laboral industrial, seus titulados foram obrigados a permear em áreas de prestação de serviços.

Observa-se que o problema do sistema econômico vigente, no sentido de sua perpetuação, vai além da concentração do capital nas mãos de poucos, mas sim de sua insustentabilidade decorrente de sua incompetência em fornecer a manutenção da oferta empregatícia necessária.
O Servicialismo é mais um braço do Capital que maquia as relações humilhantes de subempregos na prestação de serviço com a imagem, caricata, da figura do empreendedorismo. As atividades nesse sistema de prestação de serviços tende a ser uma escalada de pressões, onde, no último patamar, ainda se encontram os grandes detentores do capital e meios de produção.

A glamourização do Uber é um exemplo a ser estudado. O profissional que se encontra sem a oferta de emprego, mesmo aquele com titulos, em sua área de atuação, obriga-se a buscar sua subsistência oferecendo seu serviço no app de transporte de pessoas e entrega de produtos. Entretanto, por trás da maquiagem de empreendedorismo de serviço, o profissional continua a ser esmagado pelo grande capitalista. A cobrança de altas taxas para utilização do aplicativo, repartição desproporcional dos lucros e unilaterização dos custos de produção são alguns dos fatores que transformam essa nova alternativa tecnológica de empreendimento em uma das mais cruéis apostas do sistema vigente.A transfiguração do "chão de fábrica" na figura do empreendedor do próprio esforço e tempo é a nova aposta para manter o homem inserido no capital com a ilusão da não exploração de sua força, trabalho e seu tempo.

Observa-se, também, que as àreas profissionais que puderam manter-se como fonte positiva de alternativas laborais acrescentadoras de boa qualidade de vida, saúde, lazer e educação, no Brasil, foram aquelas direta ou indiretamente ligadas ao Estado. Profissionais da Saúde, justiça, carreiras públicas, são algumas das áreas de atuação que mantém seu prestígio diante das adversidades do usufruto das commodities em detrimento do setor industrial brasileiro. Nessas áreas o retorno valoral na prestação de serviço do indivíduo é muito mais arrojada e eficaz pois obedece a demanda da escassez (artigo necessário para que o capital dê valor ao esforço do indivíduo).

É necessário analisar que a visão de classe média dada, até o momento, nesse texto não reflete a realidade dos milhões de brasileiros mais pobres, cerca de 60% da população. Para essa classe a realidade da titulação superior nada mais é que um sonho inatingível. Para essa parcela a mão esmagadora do capital se torna mil vezes mais pesada. Alocados em péssimas condições de trabalho, saúde e habilitação, essa população não possui a alternativa de ser iludibriada pelo empreendedorismo caricato. Para eles, a realidade não consegue ser travestida pelas fantasias do Servicialismo. O ciclo de subjugo para esses é forte e inevitável, o que os transforma em peças fundamentais aos detentores dos meios de produção, industrial, comercial e de prestação de serviços pois, com a grande oferta e pouca demanda, as propostas salariais se mantém cada vez mais reduzidas, proporcionando a esses trabalhadores apenas a sua mínima sobrevivência.

Como notado, a mudança do Capitalismo para Servicialismo não poderia se fazer pois, como visto, o Capital continua a ser uma mãe dominadora e narcisista que produz seus filhos, como o Servicialismo, apenas para manter-se vigente em nossa sociedade. O narcisismo do Capital jamais permitiria que outro sistema inerente dele se sobressaísse, fato que não poderia ocorrer pois, para o Servicialismo existir, ele precisa do Capital, de quem ele é pertencente.

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