Robôs Entre Nós - A Inteligência Artificial e a Robótica Em Ascensão Como Nunca Antes. Com Prós e Contras.
“A Inteligência Artificial pode ser o pior evento na história da nossa civilização”.
Frase forte, não?
Quem a proferiu foi nada menos que Stephen Hawking, em uma conferência sobre tecnologia em Lisboa, Portugal em 2017. Disse ainda que “computadores podem, em teoria, rivalizar com a inteligência humana, e ultrapassá-la”. Dentre outras deliberações feitas por Hawking, ele reconhece os bons feitos da inteligência artificial (IA) mas alerta para o desenvolvimento descontrolado da mesma, alegando que, na pior das hipóteses, poderíamos ser "destruídos" por ela.
O fato é que as áreas da IA e da Robótica nunca estiveram em tamanha expansão como estão hoje, com inovações que antes só eram vistas em filmes futurísticos. Carros autônomos, drones sofisticados, robôs humanoides e até cachorros robóticos que podem ser utilizados desde usos domésticos até militares (como já começa a acontecer).
Aqui você entenderá como tudo isso já faz parte mundo atual, e que você pode estar usando aparelhos com essas tecnologias sem se dar conta.
Os Robôs de Elon Musk
Muito do que está sendo desenvolvido hoje pode ser creditado a Elon Musk, que acumula ousadia em seu currículo. Hoje, além de sua empresa espacial (SpaceX), que tornou o lançamento de foguetes mais barato com seus “foguetes reaproveitáveis”, e que tem ambições de colonizar Marte; e sua empresa de carros elétricos (Tesla), que foi pioneira na produção em massa desses veículos e hoje é a maior do EUA; Musk já anunciou o desenvolvimento de seu robô humanoide, o Optimus Human Robot, que poderá ser utilizado para múltiplas funções do cotidiano.
O Robô andará em duas pernas, deve medir 1,76 de altura, pesar aproximadamente 57 quilos e se mover a uma velocidade de até 8 quilômetros por hora, além de poder levantar objetos pesados. Em pronunciamento recente, Elon chegou a dizer que este projeto “tem potencial para ser mais significativo” que seu próprio negócio de carros elétricos.
Além disso, os carros de Elon avançam em sua tecnologia autônoma, e hoje já podem fazer viagens de grandes percussos com pouca, e as vezes nenhuma intervenção humana, tudo através de seu sistema de navegação. E para além destes, Musk ainda possui outra empresa, esta que de longe é a que mais desperta preocupação de especialistas: A Neuralink, que basicamente vem desenvolvendo um sistema que seria capaz de conectar mente e máquina, através do implante de um chip ao cérebro.
Contudo, apesar de seus constantes avanços e projetos discutíveis, Musk se diz um defensor do desenvolvimento controlado da Inteligência Artificial. Ele afirma que seus projeto sempre serão desenvolvidos para serem inferiores às capacidades humanas, que a ideia é que sejam utilizados para trabalhos de suporte, que exijam esforço físico, repetição, ou mesmo perigo de vida.
No prefácio do livro Biografia de Elon Musk, publicado em maio de 2015, ele diz que estaria numa espécie de "guerra" contra a Google, que, esta sim, estaria desenvolvendo sua tecnologia de IA de forma descontrolada e irresponsável.
E vale destacar que muitas outras empresas já utilizam IA, não em robôs físicos, mas em algorítimos sofisticados que basicamente conduzem como consumimos informação em mídias digitais e outros serviços. Uber, Wase, Mercado Livre e Facebook são algumas das muitas empresas que já tem aplicações de IA em seus produtos, e que utilizamos diariamente, por vezes, sem nos dar conta disso. O fato é que podemos esperar muitas novidades, e polêmicas, vindas dessas empresas sobre esse tema.
Robôs Militares
E com todo esse crescente avanço de aplicações, seria quase que inevitável também não utilizar os benefícios da Robótica combinada a IA para usos operacionais militares, algo que já era utilizado a muito tempo por drones, agora também se encontra em solo.
Desenvolvido pela Ghost Robotics, os chamados Q-UGVs (Sigla em inglês para Quadrupedal Unmanned Ground Vehicles - Veículos terrestres quadrúpedes desarmados, em tradução livre) já foram testados com eficácia em diversos tipos de terreno, podendo subir escadas, escalar morros, andar na chuva, em ambientes arenosos, alagados, de alta temperatura, entre outros. A ideia inicial seria usá-lo como patrulheiro auxiliar, e assim ele foi testado na fronteira dos Estados Unidos com o México, utilizando seus sistemas sensoriais para mapear, rastrear e detectar invasores, traficantes, contrabandistas e outras possíveis ações hostis, deixando operadores humanos fora de perigos de vida.
Os Q-UGVs (apelidados de robot dogs) também podem ter outros recursos acoplados acima de seu corpo, como braços mecânicos (para trabalhos industriais, por exemplo), sonares e sensores (para monitoramento e rastreamento) e até armas. Todavia, até agora não se foi aventado a possibilidade deste tipo de uso, o que gera o debate de até onde uma máquina pode ir em autonomia, tema esse que já é salientado por ONGs e ativistas, que utilizam expressões como "robôs assassinos".
Em 2021, por exemplo, durante a Sexta conferência de Exame da Convenção sobre Armas Convencionais (CCW - Sixth Review Conference of the Convention on Conventional Weapons) que aconteceu em Genebra, a Human Rights Watch pediu que um novo tratado fosse feito entre as nações para esclarecer e determinar, falando em termos simples, uma linha limitadora que não se poderia cruzar no desenvolvimento de “armas autônomas”.
“Estes são sistemas de armas que operariam sem controle humano significativo. Ou seja, em vez de um humano, você teria o próprio sistema de armas que selecionaria o alvo e decidiria quando puxar o gatilho. Você não teria humanos executando essas funções, em vez disso, a inteligência artificial substituiria o soldado no campo de batalha”, declarou Steve Goose, diretor da Divisão de Armas da Human Rights Watch.
E aqui estamos falando de vários outros projetos, como drones autônomos sofisticados e veículos de combates pesados, como o Tanque Uran 9. Sem dúvida este será um debate crescente no meio politico e na própria sociedade. Qual seria o próximo passo? Robôs policiais?
A Engenharia de Robôs
E onde uns enxergam ameaças, outros veem oportunidades, não a toa vem ganhando mais adesão a Engenharia Mecatrônica (ou mesmo Engenharia Robótica) já voltada para os conhecimentos relacionados a este mercado.
O curso faz um apanhado de todas as áreas de conhecimento de outras engenharias (como a mecânica e a elétrica) aplicáveis à robótica, além dos próprios campos acadêmicos, gerando “profissionais do futuro”, termo que vem sendo bastante discutido, onde se enquadram também programadores, cientistas de dados, engenheiros de software e por aí adiante. Você ainda vai ouvir falar muito dessas e de outras profissões relacionadas a tecnologia, dados, robótica e IA.
Diante de todo esse cenário, o ideal é se manter informado sobre essas “mudanças”, tantos a positivas, quanto principalmente as duvidosas, para não ser pego desprevenido. Aliás, como já disse o CEO da Mastercard, Ajay Banga: “Dados são o novo petróleo”. Portanto, se mantenha antenado às novas inovações, aos benefícios que as acompanham e, por que não? céticos aos excessos.