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Climax Superior: Como melhorar sua história?

Introdução

Recentemente tenho passado pela síndrome do escritor culposo, ser um escritor sem querer. Nesse meio tempo escrevi páginas e mais páginas de várias histórias, contos sobre política, amor, revelação, suspense, terror e entre elas, durante um período de brisa criativa e de algumas paranóias, decidi postar os meus resultados estudando a construção narrativa de minhas obras favoritas. Entender porquê, mesmo com um mundo bem meia boca, Game Of Thrones é tão bom e porque mesmo com um protagonista broxa e majoritariamente inútil antes do terceiro livro, Harry Potter é tão famoso. Entender como Frostpunk, um jogo com uma história ativa menor que um parágrafo, é mais imersivo que diversos filmes novos como Telefone Preto, Tempo e Não Não olhe. Entender porquê todo mundo quer ler algo irritantemente detalhado e ainda ser unânimamente a melhor obra de fantasia, também conhecido como Senhor dos Anéis.

E como toda boa história, ela começa no Reddit Norte-Americano.

Climax Superior

Agora detalhando os exemplos anteriores. As obras que eu elogiei são boas naturalmente, seus erros são poucos, as vezes gritantes, mas a qualidade da obra em geral é indiscutível. Isso significa que o Climax Superior, como eu apelidei essa técnica, não é uma fórmula mágica, quem diria. Você ainda tem que saber introduzi-la, não é apenas destruir o mundo e fodase, mas há alguns pilares que podem enriquecer a sua narrativa, mas lembresse que você ainda tem que ter uma narrativa razoável para isso.

Antes de tudo, o que é Climax?
O Climax é o momento mais frenético de sua jornada, o ápice de sua odisséia em questão narrativa. Podendo ser não apenas a finalização dos problemas, mas também sendo um motivo pelo qual o leitor compra o seu livro. O climax pode ser o desencadeamento de uma guerra profetizada, a morte de um Deus que abala o mundo ocidental e libera a guerra contra o oriente, pode ser um simples desaparecimento de um coadjuvante ou pode ser a chacina generalizada de todos os melhores personagens. O Climax pode acontecer normalmente no meio de sua jornada, as vezes no final, porém quase nunca no início. Quanto mais motivos, quanto mais valor em jogo e quanto maior o seu Climax, mais emoção ele pode dar e mais valor o leitor pode ter por sua obra. O Climax não é uma questão simplista e obrigatória de Jornada do Herói, ele é uma ferramenta que normalmente é utilizada apenas uma vez. Normalmente

O Climax Superior, no entanto, é um problema maior do que o Climax de sua jornada, é algo que ameaça não apenas o herói, o grupo ou os mocinhos, é algo que afeta a todos e ninguém quer ele no seu quintal segunda feira. E o melhor exemplo para isso, é Frost Punk.

Frostpunk Introdução

Frostpunk é um jogo de gestão em um apocalipse gélido. No universo, que é uma linha temporal alternativa a revolução industrial do século 20, o mundo começou a gelar sem precedentes, e não apenas a terra, o sol começou a se apagar e a humanidade fugiu para os polos, onde os desastres ocasionados pelos efeitos magnéticos do sol seriam menores como os ventos e tempestades.

E esse é o pulo do gato

O principal climax de Frostpunk é quando um bando de milíco broxa, caso você não mantenha a Esperança, uma mecânica do jogo, alta o suficiente, decidem que eles querem retornar a Londres e seu objetivo é mantê-los lá até o dia 18 e no máximo 25, se me lembro bem. Eles começam a roubar suprimentos, devastar a sua cidade, bater em idosas e vandalizar seus discurssos e endemonia-lo em nome de um "Bem maior". Quando você derrota esse movimento, chamado de Londrinos, você descobre algo bem legal:
A tempestade que devastou o meridiano, o equador e os trópicos, foi ao polo em que vocês estão e se aproxima com temperaturas frescas de -150° celsius, e seu objetivo é sobreviver até o dia 35, quando o perigo se afastou, porém deixou ao seu lado a morte e a insegurança de seu povo. Ai o jogo acaba

Aprendizados do Jogo

O mais interessante desse exemplo é que Frostpunk te avisa e te faz esquecer do mal maior, fazendo o acreditar que esse perigo que você enfrentou seria o maior de sua jornada e você poderia prosperar após achar uma fonte de recurso tão boca quanto os postos avançados, mas não. A tempestade é aquele perigo maior que sempre esteve ali e venho justamente quando você está exausto de tanta emoção. Ele não é o Climax, pois ele não foi desenvolvido para isso, ele não tem grandes objetivos, ele é o que é, você sabia que iria acontecer, apenas não se lembrava. O Climax já passou, você apenas descobriu um novo andar.

Essa estratégia é algo ótimo para diversas outras histórias, ela agrega bastante a diversas narrativas como suspense e ação principalmente. Fazer o seu leitor lutar contra um espantalho, ao invés de se preocupar com o real perigo ou a um perigo maior já apresentado, além de deixar o leitor com aquela dúvida maravilhosa que todo escritor quer "Como eu não tinha pensado nisso?", você não entrou em diversos outros problemas que variações dessa técnica podem causar, como a implementação de algo que seria impossível e sem sentido se tornando canônico sem motivo, o famoso problema EX Máquina.

Resumo

Apresente um problema maior e foque os esforços de seu leitor a combater um inimigo menor, faça ele acreditar que esse é o seu real e maior problema. Para essa técnica funcionar você DEVE apresentar o problema anteriormente, dando exemplos:

  1. Você é alguém que teve sua filha sequestrada e você combate o sequestrador, vencendo e recuperando sua filha. Mas agora quem está te caçando é o chefe da máfia

Nesse exemplo, deixe claro que o sequestrador é de uma máfia sem dar intonação a máfia, não foque o seu leitor a saber que é uma máfia, não construa a máfia demais, dê indícios que a máfia possa estar de olho com coisas simples como uma coisa em um lugar diferente do mencionado anteriormente ou um item perdido e torne o sequestrador o maior perigo, ignore a máfia, ela é apenas uma história do seu vilão que virá a tona depois.

  1. Você é um guerreiro em busca de sua amada presa em um castelo, poucos boatos te dizem mentiras que ela é uma tirana, mas quando você a resgata vê seu Aparente coração bom.
  2. Você lida ao lado de uma resistência a um governo autoritário, e ao derrubar o líder fugindo das mentiras e manipulações mentais de seu conselheiro, percebe que essa resistência não é apenas pior, porém invencível. Você quem trouxe o perigo ao seu povo.
  3. Você é um imperador que luta diariamente e incessantemente contra os bárbaros que invadem suas terras, matam seu povo e roubam suas riquezas, porém ao fortificar a religião, para que seu povo se mantenha unido, você percebe que não é muito bom dar muito poder a um Padre.
  4. Você é uma jovem participante de uma sociedade que rouba, mente e busca por poder, porém ao desenvolver da obra e quanto você nota o senso de familia que eles tem, durante o momento que o grupo mais precisava estar unido, todos concordam em abandonar o nome mais fraca do grupo, você.

Mas claro que eu não sou o dono da verdade, e de novo, para essa técnica dar certo, você precisa já ter uma ideia boa de uma narrativa para implementar ela logo em seguida, e claro que há histórias que ela não vai funcionar em casos extremamente raros. Ainda há outras técnicas como o desenvolvimento de cinema, a construção via contos ao invés de um romance e implementar enigmas no obra que precisam do mundo real e da dedicação de sua comunidade.

A verdade é que eu só to entediado e decidi postar isso aqui porque pode ajudar alguém a entender um assunto que um público extremamente específico gosta, e para acomular um monte de informação dita de forma tosca de uma maneira mais socialmente aceitável.

OBS: Sei que aqui é um lugar para falar de programação, mas como já vi discussão sobre Game Dev e adorei a comunidade, decidi postar aqui

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Cara, muito boa a sua explicação. Eu também sou aspirante a escritor e, conforme fui lendo, fui lembrando de alguns livros que li que replicam exatamente a mesma coisa.