O homem que está tentando colocar espelhos no espaço para gerar energia solar à noite
Ben Nowack é inventor, empresário e CEO da Tons of Mirrors, uma empresa que está tentando usar superfícies reflexivas montadas em satélites para redirecionar a luz do sol para painéis solares terrestres durante a noite - o que solucionaria um problema fundamental da captação de energia solar.
Segundo uma entrevista para a Vice, Nowack disse que a ideia inicial era irradiar a luz do sol, depois refleti-la com espelhos e então colocar essa luz em tubos de vácuo de feixe de laser que iriam ziguezaguear ao redor da curvatura da Terra. Seria algo semelhante à energia das companhias elétricas que entra em nossas casas.
Tal ideia, entretanto, era economicamente inviável.
A solução que Nowack encontrou foi tentar colocar em órbita o objeto que transformaria a luz do sol em um raio, eliminando a necessidade de construir um tubo de vácuo. A ideia parecia promissora especialmente porque possibilitaria a iluminação de fazendas solares já existentes.
E, para que essa luz atingisse a Terra em pontos menores (o tamanho adequado para a maior parte das fazendas solares), seria necessário usar um colimador.
Um feixe de luz colimado.
Nowack encontrou uma patente para um colimador em órbita que foi registrada em 2005. Era basicamente um telescópio reverso gigante que iluminava a Terra. E ele logo percebeu que seria muito caro fazer um telescópio tão grande porque ele teria que ser opticamente perfeito.
O inventor explicou que, no caso do Telescópio Espacial James Webb, os espelhos captam a luz de uma estrela muito pequena e explodem essa imagem. Neste caso aqui, seriam os mesmos espelhos, mas ao contrário. E, para criar algo tão brilhante quanto o sol em solo terrestre com um colimador, você precisaria de uma lente de 1,5 km de diâmetro.
Construir um espelho dessa magnitude com a forma correta (que não é plana, mas sim uma parábola) e com cada parte extremamente precisa não é algo simples. E, para solucionar isso, Nowack decidiu ladrilhá-lo.
Em vez de uma parábola de um 1,5 km, ele está fazendo 1,5 km de vários milhões de parábolas. Nesse tamanho, elas mantêm a forma correta perfeitamente, além de tornarem o projeto escalável.
Protótipos de colimadores de Ben Nowack.
Por fim, o inventor disse que o que está faltando para o projeto ser colocado em prática neste momento é apenas dinheiro. Ele afirma que está tentando arrecadar US$ 5 milhões para colocar uma dessas peças na Estação Espacial Internacional. Com o objeto em órbita, ele conseguirá comprovar a assertividade de seus cálculos.
Depois disso, os próximos passos seriam construir um satélite maior, que consiga atender clientes reais, e então levantar ainda mais investimentos para colocar mais satélites em órbita e criar uma constelação de verdade. Nesse estágio, será possível saber o quão barata fica a fabricação, quão cara é a configuração e quais são os custos fixos e operacionais.
Então, eles terão uma ideia mais clara de como a tecnologia se compara às usinas de combustíveis fósseis. Torná-la mais barata que todo o resto é o verdadeiro desafio.