Governos adotam o desligamento da internet como uma forma de controle
Interrupções governamentais na internet estão aumentando em todo o mundo. Em 2021, houve 182 desligamentos em 34 países, de acordo com a Access Now (uma organização não governamental que rastreia a conectividade global) - um aumento de 15% em comparação ao ano anterior.
Na Ucrânia, por exemplo, o desligamento aconteceu uma hora antes da invasão da Rússia em fevereiro, quando o Estado patrocinou um ataque maciço a uma importante rede de internet via satélite.
Já na Etiópia e no Cazaquistão, a agitação civil fez com que o governo adotasse essas paralisações como uma tentativa de impedir a mobilização política e o surgimento de notícias sobre a repressão militar.
Quem lidera o total de interrupções globalmente é a Índia, cujo governo desligou a internet por 106 vezes – um número maior que todo o resto do mundo combinado.
Especialistas também apontam que Mianmar impôs as restrições mais severas já registradas.
Após paralisações esporádicas de um dia inteiro em meados de fevereiro, o exército começou a desligar a internet todas as noites - um ato que continuou de forma regular por três meses. Sob a cobertura da escuridão digital, eles realizavam ataques noturnos, derrubando portas para arrastar políticos, ativistas e celebridades de alto nível.
O período de interrupções noturnas ainda foi seguido por um desligamento completo de 73 dias.
Vale ressaltar também que essas paralisações não são usadas apenas por governos que enfrentam distúrbios civis. Na Argélia, por exemplo, o Estado corta a internet por cinco dias todos anos, para garantir que alunos do ensino médio não colem em seus exames de bacharelado.
Essas interrupções causam imensos danos econômicos - estimados em US$ 5,5 bilhões apenas no ano passado -, além de muitos outros impactos que se espalham por todos os setores.
Repercussões que acabam passando despercebidas pelo mundo exterior, justamente porque os fluxos de informações que entram e saem dos países afetados são interrompidos.