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Cientistas estão usando aprendizado de máquina para "traduzir" a linguagem do animais

Ainda que estudos de comunicação animal não sejam novidade, nos últimos anos, algoritmos de aprendizado de máquina estão ajudando cientistas a identificar padrões sutis que poderiam passar despercebidos aos ouvidos humanos.

Pesquisadores mostraram que esses programas são capazes de distinguir as vozes de animais individualmente, diferenciar sons que eles fazem em diferentes circunstâncias e dividir suas vocalizações em partes menores - um passo crucial na decifração do significado.

O campo de estudos é jovem e muitos projetos ainda estão em fases iniciais, mas o trabalho já está revelando que a comunicação animal é muito mais complexa do que parece.

Um exemplo disso é o estudo conduzido por Alison Barker, neurocientista do Instituto Max Planck de Pesquisa do Cérebro, na Alemanha. Barker e sua equipe usaram algoritmos de aprendizado de máquina para analisar 36.000 sons registrados em sete colônias de ratos-toupeira-pelados.

Eles descobriram não apenas que cada rato-toupeira tinha sua própria assinatura vocal, como também que cada colônia tinha seu próprio dialeto distinto, que foi transmitido, culturalmente, por gerações. Em tempos de instabilidade social – como nas semanas após a deposição violenta da rainha de uma colônia – esses dialetos coesos se desfaziam. E, quando uma nova rainha começou seu reinado, um novo dialeto apareceu.

Outro exemplo é o estudo feito com morcegos frugívoros egípcios, no qual pesquisadores usaram câmeras e microfones para gravar grupos desses animais por 75 dias. Com um sistema de aprendizado de máquina, a equipe conseguiu distinguir, com 61% de precisão, entre sons agressivos feitos em quatro contextos diferentes, determinando se um som específico foi emitido durante uma briga relacionada a comida, acasalamento, posição empoleirada ou sono.

Existem ainda outros grandes projetos em andamento. Como o Projeto CETI (Cetacean Translation Initiative), que está reunindo especialistas para tentar decodificar a comunicação das cachalotes. A equipe planeja usar peixes robóticos para gravar áudios e vídeos das baleias, bem como pequenas etiquetas acústicas para registrar as vocalizações e movimentos de animais individualmente.

Em outra linha de pesquisa, especialistas do Earth Species Project estão tentando criar um inventário com todos os tipos de sons feitos por corvos-do-havaí em cativeiro, que foram extintos da natureza há duas décadas. O objetivo é comparar os resultados com registros históricos de corvos-do-havaí selvagens, para identificar tipos específicos de cantos que as aves poderiam ter perdido ao longo dos anos em cativeiro.

A perspectiva de um diálogo contínuo e bidirecional com outras espécies, porém, permanece muito distante. Uma conversa verdadeira exigirá vários “pré-requisitos”, incluindo tipos de inteligência correspondentes, sistemas sensoriais compatíveis e, crucialmente, um desejo compartilhado de conversar, disse Natalie Uomini, especialista em evolução cognitiva do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária.

Segundo ela, alguns animais podem ter experiências tão diferentes das nossas que algumas ideias simplesmente se perderiam na tradução. "Por exemplo, temos o conceito de 'se molhar'", disse Bronstein. “Acho que as baleias não seriam capazes de entender o que isso significa.”

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