Eu peço desculpas se fiz entender que o mobile-first é uma mera simplificação do desktop. De fato, é muito reducionismo. É preciso considerar o problema, os atores que acessarão a aplicação e os contextos mais comuns de trabalho de cada um deles. É bem provável que uma funcionalidade que será usada em um aplicativo de delivery por um motoqueiro tenha recursos desenhados sob medida para sua tarefa. Recursos esses que farão pouco sentido se forem usados diante de um desktop.
O conceito mobile-first é, sobretudo, chegar a custo reduzido de desenvolvimento, pois geralmente está associado a design responsivo: um único código de front-end que se adapta a uma grande gama de dispositivos. Se você tem tempo, dinheiro, equipe, é possível que você nem adote design resposivo, e prefira desenvolver nativamente para cada plataforma, ou usar design adaptativo, que entrega diferentes versões de front-end web com base no navegador que requisitou. Essas abordagens que contrastam com design responsivo jogam pro alto o conceito de mobile-first, pois com mais tempo e dinheiro você consegue sempre entregar a melhor experiência para cada dispositivo.
Se você consegue entregar via design responsivo experiências minimamente competentes para a sua aplicação, você tem o melhor dos mundos: custo e boa experiência. A maioria das abordagens usam design responsivo não só pelo custo, mas também pelo crescente uso geral de dispositivos móveis em detrimento de desktop.
Como eu disse, cada caso é um caso e é preciso avaliar com lupa. Aliás fiquei muito curioso com o seu relato de experiência traumática com o uso de mobile-first e gostaria de saber mais, se você se sentir confortável. Eu ainda insisto que, se você seguir desktop-first de maneira consistente em sua carreira em uma variedade de aplicações, estará gastando mais energia do que se usasse mobile-first. É como se você andasse sempre com o freio de mão do carro puxado porque certa vez teve uma experiência de ausência de freios em uma serra, rs...
Beijo na alma.