"CTO" como primeiro emprego.
Como meu primeiro emprego na área de desenvolvimento foi como CTO, e como algumas dúvidas/inseguranças comuns a desenvolvedores e profissionais da me afetam de uma maneira peculiar (ou não).
Senhores, me chamo Alcides, tenho 26 anos, sou desenvolvedor/cto de uma startup onde também sou sócio, e depois de acompanhar ótimos debates sobre questões do dia-a-dia de desenvolvedores que tiveram que lidar com trajetórias atípicas, decidi compartilhar a minha como uma forma de tentar encontrar pessoas que passaram por algo parecido, e de tentar encontrar base para tomar algumas decisões que preciso tomar, pois não conheço ninguém que tenha passado por algo parecido e gostaria de conhecer mais parâmetros.
História
Em resumo, depois de ter largado o curso de Ciência da Computação no terceiro período por razões pessoais e de passar uns meses trabalhando com algo totalmente não relacionado a programação, em abril de 2018 recebi um convite do meu tio, que tinha uma pequena startup em estágio inicial de vida instalada no Armazém da criatividade, braço do Porto Digital em Caruaru. Na época a renda da startup vinha de desenvolvimento de software para terceiros, era basicamente part-time software house, e part-time desenvolvimento interno do produto. Fui convidado apenas para ajudar no desenvolvimento de umas páginas html + bootstrap simples, ferramentas que tive quase zero contato durante a faculdade, e meu tio sabia que eu sabia basicamente nada de desenvolvimento. Poucos meses depois, o sócio-desenvolvedor na época deixou a startup, e meio que "sobrou pra mim", meu tio me confiou o cargo do antigo desenvolvedor, e eu fui lidando com todas as demandas sempre de forma muito prática: tutoriais de youtube, artigos de medium, muito stack overflow e muitas noites escrevendo código. Eu reescrevi a plataforma na stack em que escolhi me especializar, pois o react-native fez muito sentido para o produto que vendíamos na época. Dessa forma, meu primeiro contato com as tecnologias também já era código de produção, o que sempre me deixou muito inseguro. Hoje tenho espaço para testar novas tecnologias e metodologias em produtos mais convenientes, e implementar de forma sólida minhas experiência nos produtos mais "críticos", com o crescimento da startup, precisamos contratar novos devs, e assim como aprendi programação, estou tendo que aprender sobre liderança, tanto do ponto de vista técnico quanto interpessoal e estratégico. Hoje gerencio uma pequena equipe de 3 desenvolvedores, e felizmente temos uma estrutura satisfatória, que atende bem os nossos clientes, e a operação vai bem. Porém, eis algumas questões que sempre me perseguiram:
Me me sinto perdido no espectro júnior, pleno, senior, cto da carreira de desenvolvimento.
Como até pouco tempo eu fui o único desenvolvedor na startup, eu construí basicamente 4 anos de experiência com basicamente nenhum contato com outro desenvolvedor ou gestor na área, ou com código de desenvolvedores de outros níveis, logo, além de ser algo já subjetivo e definido basicamente de empresa para empresa, eu não tenho nenhum parâmetro prático, e por não saber exatamente onde me colocar nessa escala, não consigo colocar os outros desenvolvedores nesse espectro.
Síndrome do impostor
Durante esse tempo na startup, a síndrome do impostor sempre foi muito frequente na minha mente, é muito comum eu achar que só estou onde estou por sorte ou por não ter aparecido ninguém melhor que eu, durante muito tempo fui inseguro até para contratar outros desenvolvedores, pois achava que seria substituído rapidamente e que não daria conta de gerenciar um outro dev na equipe. Também era comum o pensamento de achar que eu não conseguiria lidar com as coisas em algum momento, que eu colocaria tudo a perder, ou que não saberia lidar com uma crise tecnológica. Depois desses anos, de ter desenvolvido sozinho vários projetos do zero, de ter tido contato com várias soluções no processo de desenvolvimento de um software, de ter aprendido com os erros, me sinto mais confiante, mas confiante na minha maneira de fazer as coisas, e nunca consigo parar de pensar que em uma "empresa de verdade" as coisas podem ser feitas de maneira totalmente diferente e que meus conhecimentos estão todos errados ou algo do tipo.
Futuro
Agora me encontro na seguinte situação: A startup está com cada vez mais demanda técnica, estamos prestes entrar em uma nova fase, a equipe vai continuar crescendo, e eu preciso de "closure" e paz de espírito em algumas questões para dar o próximo passo nessa nova fase, tanto profissionalmente quanto psicologicamente. Vale mencionar que eu sou grato pelo rumo que minha vida tomou, pela oportunidade que tive e por estar onde estou hoje, que apesar de muita insegurança e medo, eu reconheço o meu esforço e que da maneira certa ou não, eu fiz e faço o meu trabalho da melhor maneira possível, eu amo desenvolver, e espero poder encontrar pessoas com histórias semelhantes pra trocar uma ideia.